domingo, 9 de agosto de 2009

A Arte do Cinema e o "Ser Professor" no Contexto Atual

Ser professora no contexto do Filme O Sorriso da Monalisa


Percebi assistindo ao filme que os modelos tradicionais estão "gastos" não nos servem mais. Nossos alunos querem sair, mesmo sem saber, daquilo que as convenções da sociedade nos apresentam. Através do olhar renovador da professora de artes as alunas da escola tradicional para as quais lecionava, puderem ver através da arte que suas vidas eram vazias de sentimento, que o que estava posto numa sociedade tradicional não era o que necessariamente as pessoas precisavam viver e sentir. As meninas viviam para um casamento acertado pela convenção social, não pensavam em suas vidas como mulheres e pessoas criativas, produtivas. O papel da professora era de "dar aula" de artes, mas neste "dar", a meu ver, ela dava vida, sentimento, reflexão através da arte ao cotidiano daquelas alunas.
Através da arte e da reflexão a professora mostrava ao grupo que as meninas podiam ir além do sentir a arte e gostar do que estavam vendo. As alunas eram convidadas a ver o que não estava posto na imagem, poderiam ir além e trazerem para suas vidas os sentimentos mais sublimes de amor, criatividade e questionamentos sobre suas próprias vidas. Isto fez com que as alunas mudassem de posição frente a arte e à suas próprias vidas enquanto alunas e mulheres.
Minha reflexão sobre o “ser professora” no contexto deste filme está muita ligada ao fato de mostrar, de ser modo, uma derrota da atividade pedagógica apresentada por esta professora. Ao final do ano letivo a escola tradicional reconheceu o valor da ação pedagógica da professora quando avaliou em termos numéricos, quantitativos que a disciplina de artes tinha mais que o dobro de inscritos pelo fato de reconhecerem, através dos comentários das alunas, o bom trabalho da professora. Porém a direção da escola não reconhece de fato o trabalho criativo e reflexivo desenvolvido em sala de aula e nas atividades proporcionadas pela professora quando esta propunha visitações às exposições e contato com artistas modernos.
Quando falo em derrota me refiro ao foto de a direção escrever uma carta convite renovando seu contrato para o ano seguinte mas impondo normas de conduta em relação a revisar seus planos de aula, ditando normas de conduta pessoal da professora e apontando muitos limites e condições para a respeito de como ela poderia ou não desenvolver seu trabalho naquela escola. A professora continua firme em seus posicionamentos por isso resolve ir embora e não aceitar a normas estabelecidas para continuar seu trabalho como gostaria.
Na despedida, no final do filme quando a professora vai embora e as alunas a seguem de bicicleta fica explicito o valor de seu trabalho e toda a renovação crítica que ela conseguiu construir, através de sua ação pedagógica, nas alunas com quem trabalhou. Contudo fez como a Monalisa, sorriu feliz para alguns momentos, para algumas conquistas, sentiu-se realizada por atingir em parte seus objetivos com aquele grupo de alunas. Mas infeliz por ter que ir embora e não poder dar continuidade ao trabalho que tanto idealizou. Por preconceitos sociais e convenções da época num ambiente tradicional e retrogrado precisou ir embora sem se “dobrar” a tudo isso que representava o velho, o antigo, o ultrapassado simbolizando “a não arte”, um não a reflexão e ao pensamento criativo.

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